September 14, 2015

Vão acabar com a feira da Praça XV?


De Claudio Pereira de Mello:

A cidade do Rio de Janeiro acordou nesse 12 de setembro com um sobressalto . Por ordem da Municipalidade, a tradicional Feira da Praça XV nao foi realizada neste sábado. O fato causou imenso descontentamento a milhares de pessoas que sao frequentadores assíduos do maior e mais famoso Mercado de Pulgas no Brasil ... a sua interrupção deixou as pessoas perplexas.
A Feira vende de tudo, de antiguidades, a roupas usadas, quinquilharias, panelas usadas, instrumentos cirúrgicos, livros e toda sorte de produtos novos e usados . Ha quem diga que celulares podem ter sido resultado de furtos, mas para conter isso sabemos que basta uma atuação precisa e cirúrgica da Policia que existe para isso mesmo.
Para os colecionadores, a Praça XV é como um SANTUÁRIO DO COLECIONISMO aonde podem ser encontrados desde selos, moedas, pratos antigos, móveis centenários, pinturas para restauraçao e todas as coisas que foram descartadas pela Sociedade e que acabam sendo adquiridas e protegidas pelos Preservacionistas .
Imagine uma peça grega de 2.300 anos ?
Um tecido Renascentista Italiano?
Um braseiro islâmico de 300 anos ?
Uma taça veneziana de vidro esmaltado de 400 anos ?
Um canapé de jacaranda com estofo de palinha original de 100 anos ?
Um botao de madreperola dos anos 1900 ?
TUDO ISSO VOCE PODE ENCONTRAR NA FEIRA DA PRAÇA XV .
Mas na feira voce tambem pode encontrar porta-retratos de plastico produzidos na China e vendido a 1.99 reais e moedas, selos, discos de vinil ou uma camisa de malha usada (mas nova) por 2 reais
Em suma, a Feira da Praça XV é um PATRIMÔNIO IMATERIAL da Cidade do Rio de Janeiro e um bastião de Memória aonde objetos que fizeram parte das suas diversas sociedades sao comercializados a preços módicos.
Essa fama cruzou fronteiras e hoje a feira é procurada por uma boa parte dos estrangeiros que tem interesse por peças antigas e que algumas vezes veem ao Rio para garimparem peças que podem ser levadas para o exterior e vendidas a preços inacreditáveis . Um amigo nosso Italiano (conhecido de muitos na Feira ) e que mora em Arezzo ( Toscana) vem anualmente ao Rio só para buscar peças como canetas e relógios antigos e depois repassa para amigos que os vendem nas famosas Feiras de Antiguidades de Parma e de Ferrara na Italia . Feiras que atraem gente de todo o mundo.
A história mais inacreditável da Feira, conhecida por todos foi o caso de uma mascara Africana que nos anos 2000 apareceu na Feira e foi comprada por um Americano por 15 reais . Ao voltar a Nova York, ele levou a Sotheby's que acabou vendendo por 250 mil dólares. O fato chegou a ser publicado em jornais e revistas na época.
No nosso caso, também nos anos 2000 adquirimos dois vasos gregos que pertenceram a Coleção de um famoso Consul Grego chamado Othon Leonardos (1834-1915) que foi Consul no Brasil por 45 anos. Os vasos, tidos como souvenires, ao serem examinados na Belgica provaram ser do atelier Pintor de Bedram e datam de cerca de 300 AC. Custaram 25 reais os dois !
Pois bem !
Nos cabe aqui evocar a tradição da feira da Praça XV que funciona desde os anos 1970 no formato atual, mas antes se chamava Feira Do Troca .
Antes disso, vemos que a Praça XV era e SEMPRE FOI um local de comercio e com a chegada dos navios no seu pier antigo, ambulantes e lojas disputavam a atençao dos transeuntes, como fica claro nas aquarelas dos pintores viajantes do seculo XIX e em especial Debret e Rugendas .
Portanto, temos que considerar os aspecto tradicional da Feira e procurarmos institucionaliza-la e a primeiro passo seria exatamente o REGISTRO ( como se fosse um Tombamento ) como PATRIMÔNIO IMATERIAL .
Para melhor organiza-la a administração municipal poderá pensar na construção de algum lugar nas proximidades de um Mercado Municipal, tal como existe em praticamente em todas as cidades do MUNDO e isso já seria de grande importância para o fortalecimento da Feira como um lugar do culto pelo ANTIGO, pela manutenção da MEMÓRIA, da transmissão de "historias" e de itens da cultura material do passado dos que nao conseguem mais ter identificação com sua ancestralidade, mas em compensação passam para as mãos de outros que sabem valorizar e preservar a Memoria de suas familias, mas tambem das familias dos outros . Estes chamamos de Preservacionistas que acabam - em todas as partes do mundo - fazendo uma especie de zona de amortecimento ou interface entre o passado e o futuro, uma vez que o Estado nao tem condiçao de preservar tudo que teve importância para as gerações passadas .
FICO A ME PERGUNTAR O QUE VAO FAZER COM O ANTIGO MERGULHAO DA PRAÇA XV ?
O MERGULHAO seria um lugar fantastico para ser ocupado com o nossso mais famoso FLEA MARKET ( Mercado das Pulgas ) que poderia funcionar todos os dias e nao somente aos sábados. Poderia ter stands organizados como quiosques e ter banheiros e area de alimentaçao ... Mais ou menos como vemos em Portobello Road Market, em Londres, O VERNAISON, de Paris, ou o Mercatto delle Pulci em Florença que funcionam a semana toda. Ja as feiras de Bruxelas ( Place du Sablon ) , de Roma ( Porta Portese ), de Florença ( sabados e domingos perto da Fortezza Medice), de Arezzo ( terceiro sabado do mes), Brugge ( sabados) e tantas outras sao feitas em um dia na semana.
E Viva para Sempre a Feira da Praça XV !!! Com mais respeito por sua tradição, mais dignidade para os Preservacionistas, mais organização e com o apoio do Poder Público para manter a memoria da cidade sempre viva e que esses itens da cultura material que nao sao o suficiente bons para estarem nas vitrines dos Museus, estejam nas maos de pessoas que saibam reconhecer seu valor , a representatividade de sua historia e o lugar de cada um na Sociedade .
Contamos com seu retorno no sábado que vem pois a Mui Leal e Heróica Cidade de Sao Sebastiao do Rio de Janeiro nao será a mesma sem a sua Feira da Praça XV !
Para piorar e acabar com a tranquilidade emocional das pessoas que foram ate a Praça XV e nao encontraram a Feira... tinha na Praça uma estrutura que divulgada um evento chamado MEMÓRIA DO FUNK para ser realizado amanha dia 13 .

September 13, 2015

Devo, não nego


O rombo de R$ 30 bilhões de reais no orçamento poderá ser coberto pela caça à sonegação.


ANDRÉ BARROCAL


clique nos parágrafos para ler o texto num tamanho maior: 





DE CARTA CAPITAL

September 11, 2015


De Bob Fernandes

Amigas, amigos:
Lembram daqueles Revoltados de restaurante 5 estrelas que chamaram o Mantega de "ladrão", "palhaço" e "sem vergonha" há 4 meses? Eram os empresários João Locoselli e Marcelo Melsohn.
Chamados à Justiça para confirmar ou não o que disseram, pediram perdão, como relata Mônica Bergamo.
Um dos Revoltados, Marcelo, disse que agiu "irrefletidamente" e que o ex-ministro é "probo, honesto e digno".
O outro, João, ao assinar o pedido de desculpas, afirmou não saber de nada que possa " desaboná-lo (a Mantega) em sua vida pública".
Fim desse caso.
Lições elementares e que, ampliadas, valem para outros personagens que estão além desse episódio.
Lições que valem para presepeiros em geral, trolls, fakes, valentões orais e fascistas de qualquer latitude ou longitude.
É direito de todos o de considerar Mantega, personagem desse caso, o pior ministro da História etc...
Todos temos o direito da mais dura crítica a quem quer que seja. Mas caluniar, injuriar, ofender, agredir, é crime e como tal deve ser tratado.
Ignorância, truculência e ódio podem até ser armas na Política, e têm sido, mas nem por isso deixam de ser ignorância, truculência e ódio.
Transformar ressentimentos, recalques e frustrações pessoais - ou mesmo só natural boçalidade- em combustível político é fato cada vez mais presente no debate público, nesse infindável e obtuso Tom & Jerry, Frajola e Pi Piu.
É combustível político, mas nem por isso deixa ser, e produzir, os efeitos que produzem a ignorância, o recalque, os ressentimentos, as frustrações e a boçalidade oca.
É preciso saber distinguir o que é o dever de participar, lutar, cobrar, criticar, ser cidadão, do que é apenas o impulso egoico de ser "protagonista".
O dever exige atitudes objetivas.Pede ações práticas para além das palavras, cabe em manifestações nas ruas e em grupos, mas também, ou ainda mais, no dia a dia, no cotidiano.
Quando amparado na beligerância, no ódio, como instrumento para dar vazão a motivações profundas e obscuras, esse impulso do "protagonismo" pede terapias. Ou tarjas.